Sabe qual é a pior coisa da E3, perto do final? Parecia tão falso. Foi o evento equivalente ao meme de Steve Buscemi’como vai, colegas?’-corporações agitando e pedindo para você’sair’, assistir a alguns’trailers de jogabilidade radicais’e se envolver com sua marca’poggers’. Abrindo-se para o público, a feira não sabia bem o que queria ser: era uma megasséria feira corporativa B2B que primava por reuniões e apertos de mão secretos a portas fechadas? Ou foi um festival de jogos moderno, jovem e legal que entendeu o que era ser um jogador da Geração Z disposto a gastar muito dinheiro para chegar ao centro de LA por alguns dias e aproveitar as vibrações?

Em 2023, a E3 foi suplantada – pelo menos um pouco – pelo Summer Game Fest. Um grande show, liderando uma flotilha de eventos menores administrados por editores, é como o clone fracassado da E3: menos impactante, menos impressionante, menos prestigioso. Está chegando lá, claro, mas depois de conversar com vários editores menores, o Summer Game Fest é visto como uma espécie de jardim murado; um lugar onde apenas os’poucos selecionados’podem entrar se conhecerem as pessoas certas (ou tiverem um talão de cheques grande o suficiente em mãos).

BIG é um lugar gostoso de se estar, mesmo no inverno brasileiro.

Eu estava no Summer Game Fest algumas semanas atrás, e muitas pessoas lá – jornalistas, editores, desenvolvedores, criadores – todos sentiram o espectro da E3 pairando por aí, um fantasma não exorcizado. Sua influência ainda pode ser sentida, e com razão; era o Natal dos jogadores, e já era há anos. Aconteça o que acontecer com ela no futuro, a E3 tem uma longa cauda e continuará a exercer sua pressão de alguma forma, viva ou morta, nos próximos anos.

Que diferença é vir para o BIG festival do Brasil. Situado em um centro de convenções em São Paulo, este enorme evento – o maior festival de games da América Latina desde 2012 – tem o que sinto que estava faltando nesses outros eventos de games há algum tempo. Caminhando pelo salão do show, há uma sensação de empolgação e entusiasmo adequados, uma compreensão do que torna os jogos ótimos, divertidos e sociais. É semelhante à Gamescom, mas com aquele inegável sabor latino-americano.

Gustavo Steinberg, idealizador e diretor executivo do BIG Festival.

“Não quero soar rude, porque a E3 foi um evento incrível, mas [a saída] nos dá mais destaque porque estamos convenientemente localizados como o maior evento, ao mesmo tempo no calendário,” diz o simpático e educado Gustavo Steinberg, idealizador e diretor executivo do BIG Festival. “Na verdade, esse foi meu discurso de vendas para alguns dos editores. Eu disse:’quando você vai lançar seu trailer? Na E3, não? Então faça aqui! [risada]”.

É possível que a autenticidade do BIG venha da composição do evento: na feira, a grande maioria dos expositores são desenvolvedores independentes. Há toda uma fileira de jogos independentes do Brasil, exibidos com orgulho no meio da sala de exposições. Jogadores ansiosos-de crianças a idosos! – faça fila para demonstrar títulos pequenos e atraentes dos quais você provavelmente nunca ouviu falar.

Enquanto isso, Warner Bros., Microsoft, Ubisoft e Konami… eles estão todos de lado, limitados a pequenos stands, dando espaço para se promoverem discretamente. Aqui, os criadores menores têm voz mais alta, e isso é incrível. Em breve terei um artigo separado no site sobre os melhores jogos menores que joguei aqui, mas esse foco e paixão pela parte mais básica do cenário de desenvolvimento é revigorante.

“Chamamos esse espaço de’panorama mundial’– onde convidamos editores a trazer lançamentos recentes para o público. Às vezes, os editores querem mais espaço (existe Nintendo, Epic e Warner Bros. fora desse espaço agora) e são bem-vindos”, explica Steinberg. “Mas o foco está mesmo no indie. E tem frescor no ar porque é um mercado ainda pouco desenvolvido aqui no Brasil. Não está estabelecido-então você pode ver a paixão nos olhos do desenvolvedor quando eles dizem’eu quero fazer isso, eu quero fazer isso’. Isso me lembra dos meus primeiros anos fazendo filmes aqui; os desenvolvedores são tão apaixonados. É por isso que eles são o centro das atenções.”

Steinberg observa que o Brasil saltou de sua casa para cerca de 20 estúdios de jogos quando ele começou para mais de 1000 agora. É seguro dizer que o Brasil é um centro de desenvolvimento de jogos que realmente merece atenção.

Existem vários painéis e palestras no BIG, e qualquer pessoa – gamer, desenvolvedor, mídia, editor – pode participar de qualquer um deles.

Isso não quer dizer que não haja espaço para anúncios que chamam a atenção. No show de 2023, a Atari saiu arrasando e exibiu três títulos; Mr. Run and Jump (pense em algum lugar entre Super Meat Boy e VVVVVV e você terá uma ideia do que é isso), Haunted House (um reboot moderno do experimento de survival horror de 1982, modernizado e modificado pela desenvolvedora brasileira Orbit Studios) , e Quantum: Recharged (o nono recauchutagem de arcade moderno que parece ser tão autêntico quanto Yars’Revenge and Breakout). Isso é um grande negócio (sem trocadilhos) para uma editora que está inativa há alguns anos. Isso demonstra que a Atari se preocupa com o talento latino-americano e com o público latino-americano em igual medida.

A Konami – em um estado semelhante, mas não tão extremo quanto o Atari – também usou o BIG para continuar sua reabilitação aos olhos do público. Durante as festividades em São Paulo, a Konami estava ansiosa para mostrar seu impulso de publicação terceirizada. Isso veio principalmente na forma do editor exibindo orgulhosamente o fascinante’shmup cinematográfico’CYGNI: All Guns Blazing, mas também manifestado em Michael Rajna (diretor sênior de desenvolvimento de negócios e licenciamento da Konami) dando uma palestra perspicaz sobre como os indies podem atrair para a empresa nipo-americana e fazer parte de sua iniciativa de terceiros até agora tão positiva.

“Não sei o quão grande vamos ficar, mas vamos ficar tão grandes quanto for necessário”, explica Steinberg quando lhe pergunto quanto espaço há para fazer crescer o festival. “Não queremos forçar muito, porque não somos a Europa, certo? Mas para um público internacional, temos algo a mostrar – o que algumas pessoas acham surpreendente. E acho que é porque temos essa mistura de B2B e show para o consumidor, todos juntos no chão. É algo diferente.”

Bloodless foi o meu GRANDE’jogo do show’.

Claro, indies da Konami e anúncios da Atari não são grandes (ainda), mas o show está atraindo o tipo certo de atenção. Como deveria; O BIG já existe há 11 anos e, com o fim da E3 e a abertura do palco para outros eventos, o principal festival de jogos do Brasil tem tudo para realmente roubar os holofotes nos próximos anos.

Talvez o futuro dos eventos do jogo não esteja em um lugar grande, como uma E3 ou algo semelhante. Talvez seja nesses programas de escala um pouco menor, como BIG ou Gamescom (que fizeram parceria e administram uma espécie de programa de intercâmbio, a propósito). Esses eventos, sem as despesas gigantescas do Centro de Convenções de Los Angeles, por exemplo, são mais acessíveis. É menos de dez para entrar no BIG e igualmente barato para a Gamescom. E como o BIG atrai talentos e atenção da Argentina, Colômbia, Uruguai, Chile – e muitos outros países da América do Sul – o resultado parece mais jubiloso, mais comemorativo do que outros eventos semelhantes aos quais já participei.

Chance Glasco, Good Dog Studios.

Por Chance Glasco, um dos membros fundadores da Infinity Ward, criador de Call of Duty e chefe da empresa independente Good Dog Studios, lançar um jogo aqui é bem diferente de lançar um jogo em qualquer outro lugar. “Onde há um lugar melhor para lançar um jogo sobre artes marciais no Brasil do que… Brasil?” ele brinca. “Culturalmente, os brasileiros são super amigáveis ​​e têm apreciado muito, muito que [estou mostrando o país deles] de uma forma positiva. Há uma energia extremamente excitante aqui que você simplesmente não vai conseguir [em outros mercados].”

Sentado para escrever isso, ouvindo alguns moradores de São Paulo rir e torcer enquanto completam a demo para Bloodless – um estilo retrô de ação e aventura que ganhou o prêmio de Melhor Jogo Brasileiro no BIG – é difícil não se impressionar com o que está acontecendo aqui. A vibração aqui está muito longe do dubstep pulsante e das demos de jogos repetidos sem fim da E3, e uma experiência mais aberta e comemorativa do que o campus fechado no Summer Games Fest.

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